A cidade de Tracunhaém está situada na zona da mata pernambucana, distante 72 km do Recife. A cerâmica artesanal domina a atividade econômica da cidade. Há dezenas de ateliês e oficinas trabalhando com barro. A fama do local decorre do trabalho de seus artistas, sendo considerada um dos maiores centros de excelência na arte cerâmica em nosso país.A cidade é um dos mais importantes pólos de cerâmica do Estado. Ali, praticamente metade da população sobrevive, direta ou indiretamente, da transformação do barro em peças utilitárias ou em obras de arte. São os trabalhadores anônimos que atuam nas olarias do município ou os vários artesãos famosos da cidade, alguns deles conhecidos até mesmo fora do Brasil.
Os ceramistas dedicam-se, especialmente, a imagens de santo em barro, de tamanhos variados. Entre seus principais artesãos estão Zezinho de Tracunhaém, Nilson Tavares e o Mestre Nuca. Outro artista que tem ligações com o pólo é Thiago Amorim, residente em Olinda, mas que ganhou notoriedade como ceramista em Tracunhaém, entre os anos 1975/1985. Os santos produzidos pelos artesãos locais são famosos nacionalmente.Tracunhaém tornou-se tão marcante como pólo artístico que alguns dos seus artesãos acabaram adotando como sobrenome o próprio nome da cidade e só desta forma são identificados. A cidade viveu a sua época de glória entre os anos 1970/80, quando era visita obrigatória de intelectuais e artistas brasileiros que passavam pelo Estado. Quando esteve no Recife, em 1980, o Papa João Paulo II levou uma imagem de Nossa Senhora do Carmo produzida em Tracunhaém.
Consta que os primeiros artesãos locais foram os índios tupis, que modelavam cachimbos de barro. Além da cerâmica, a outra principal atividade econômica do município é a agroindústria canavieira.Foi na década de 60 que surgiram os primeiros artesãos modelando com argila figuras de santos, animais, objetos utilitários e decorativos (potes, tigelas, etc). Desde então a arte de modelar com barro foi-se tornando, progressivamente, conhecida e prestigiada. Muitos dos artistas têm seus trabalhos expostos em museus brasileiros e estrangeiros, e no acervo de importantes coleções particulares.Um dos maiores incentivadores desta atividade em Tracunhaém foi o colecionador pernambucano Abelardo Rodrigues. Graças ao seu interesse esta arte interiorana, com raízes sertanejas, chegou e foi aceita nos grandes centros - admirada pela sua originalidade e criatividade.
A maioria dos ceramistas de Tracunhaém modela sem o uso do torno de oleiro. Quanto à queima todos usam rústicos forno a lenha sendo raros os que aplicam esmaltes vítreos.O acabamento final é em terracota, no entanto, alguns decoram suas peças, atualmente, pintando com tintas comerciais.
Veja abaixo alguns dos mais famosos ceramistas de Tracunhaém:
Nuca-Manoel Gomes da Silva, nascido em 1937, e sua esposa Maria, são famosos pela confecção de leões sentados, com jubas exuberante. Mestre Nuca também faz outras figuras: peixes, galinhas etc. Suas peças são queimadas em forno a lenha e não são esmaltadas-terracota.Seus Leões, quase sempre sentados, lembram os feitos de louça em Portugal que decoravam os jardins e varandas de muitas residências de antigamente. A característica marcante é o modo de apresentar as jubas que são feitas com dezenas de fragmentos circulares meio achatados, e também com pregas formando sulcos verticais.
Outra peça inconfundível de Nuca e Maria são as bonecas com os cabelos encaracolados. Outras figuras também são produzidas: pinhas, animais: peixes, galinhas etc. As peças são queimadas em forno a lenha sem serem esmaltadas. Não usam também decorar, pintar, com tintas comerciais. A apresentação final é em terracota.
Os trabalhos de Nuca e Maria são encontrados em Museus e coleções particulares no Brasil e no exterior.
Zézinho de Tracunhaém
José Joaquim da Silva-Zézinho de Tracunhaém, nasceu em Vitória de Santo Antão, sendo um dos ceramistas de maior destaque na cidade de Tracunhaém e dos mais antigos. Reside e trabalha desde 1968.Juntamente com sua esposa Maria e os filhos Nildo, Claudio e Nando são excelentes artífices na confecção de peças religiosas, santos principalmente.
Suas modelagens apresentam riqueza de detalhes e proporções harmoniosas.
Alguns trabalhos chegam a medir 2 metros de altura. Importante observar que os santos são inteiriços, não sendo cozidos por partes. Isto a família consegue por serem também exímios na arte da queima e no preparo da massa.
Zézinho começou a se interessar pela cerâmica quando conheceu o trabalho de Lídia Vieira, conceituada ceramista do lugar, já falecida (1911-1974), na ocasião de uma visita à Tracunhaém. Encantado com o barro, tempos depois, resolveu morar na cidade e se dedicar ao ofício de ceramista.
Começou modelando cenas que retratavam animais e homens do sertão. Posteriormente, se interessou pelos temas religiosos, tornando-se “santeiro”, sendo São Francisco com os pássaros uma de suas imagens preferidas.
O início de sua carreira de sucesso foi incentivado por Abelardo Rodrigues.O colecionador pernambucano lhe fez inúmeras encomendas ajudando-o a se tornar conhecido no Recife e em outros lugares.
Zézinho queima seus santos em forno a lenha e não aplica esmalte. Tem grande preocupação quanto à secagem, antes de enfornar, para evitar o surgimento de rachaduras nas paredes das peças.Na decoração usa artifícios para realçar a coloração das peças: aplica tintura de café torrado com açúcar que dá às peças uma tonalidade forte e com muito brilho.
Seus trabalhos decoram Igrejas e outros lugares públicos fazendo parte do acervo de importantes Museus e coleções particulares, no Brasil e no exterior.
Nilson Tavares mais conhecido como Nilson de Tracunhaém é “santeiro”. Suas imagens são delicadas e apresentam um fino acabamento.
O artista faz parte do grupo de ceramistas experientes da cidade. Começou, e assim permaneceu por muitos anos, trabalhando no ateliê do mestre Zézinho de Tracunhaém.
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